Sunday, September 10, 2006

PABLO NERUDA - HOMENAGEM


Recordar Pablo Neruda



Faz, dentro de dias, 33 anos que faleceu o poeta chileno Pablo Neruda.
Ele sobreviveu pouco tempo ao golpe pinochetista de 11 de Setembro de 1973, patrocinado pelos EUA. Não chegou a ver os efeitos dramáticos provocados pela ditadura de Pinichet.
Pablo Neruda é o pseudónimo de Naftali Ricardo Reys que nasceu em 1904, filho de um ferroviário.
O seu vasto trabalho poético iniciou-se muito cedo – aos 16 anos – quando se tornou colaborador da revista literária “Selva Austra”l. Alguns poemas dessa época foram reunidos em edição do autor, no livro “Crepusculo” (1923). Em 1968, as suas “Obras Completas” já tinham 3237 páginas, divididas por dois volumes.
Foi prémio Nobel da Literatura em 1971.
Para além da actividade literária, também representou o seu país, na qualidade de cônsul honorário, entre 1927 e 1835. Esteve na Birmânia, Ceilão, Java, Singapura, Buenos Aires, Barcelona e Madrid.
Mas a melhor maneira de recordar um poeta é evocar a sua obra.


LUÍS MOLEIRO
SE EU MORRER...
Se eu morrer, sobrevive a mim com tamanha força
que acordarás as fúrias do pálido e do frio,
de sul a sul, ergue os teus olhos indeléveis,
de sol a sol sonha através de tua boca cantante.
Não quero que o teu riso ou que os teus passos hesitem.
Não quero que a minha herança de alegria morra.
Não me chames. Pois estou ausente.
Vive em mim a ausência como numa casa.
A ausência é uma casa tão rápida
que dentro passarás pelas paredes e pendurarás quadros no ar.
A ausência é uma casa tão transparente
que eu, morto, te verei, vivendo,
e se sofreres, meu amor, eu morrerei novamente.

Pablo Neruda

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