Wednesday, November 30, 2005

POETA


Foi hoje atribuida por Jorge Sampaio a Grã-Cruz da ordem da Liberdade (melhor seria da libertinagem...) ao poeta Mário Cesariny


you are welcome to elsinore


Entre nós e as palavras há metal fundente
Entre nós e as palavras há hélices que andam
E podem dar-nos morte violar-nos tirar
E o mais fundo de nós o mais útil segredo
Entre nós e as palavras há perfis ardentes
Espaços cheios de gente de costas
Altas flores venenosas portas por abrir
E escadas e ponteiros e crianças sentadas
À espera do seu tempo e do seu precipício
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Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas, que esperam por nós
E outras, frágeis, que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens, palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição
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Entre nós e as palavras, surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis à boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além do azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmo só amor só solidão desfeita
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Entre nós e as palavras, os emparedadose entre nós e as palavras,
o nosso dever falar
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Mário Cesariny

SIDA

SIDA não pára de aumentar no Algarve
Rastreios entre hoje e 3 de Dezembro em Faro e PortimãoOs casos de SIDA no Algarve estão a aumentar, alerta a Administração Regional de Saúde (ARS). De acordo com os dados oficiais, durante o ano de 2004 houve um crescimento entre 20 a 30% de casos em relação ao ano de 2003 "e a tendência para este aumento mantêm-se ainda este ano", refere a mesma fonte. Segundo a ARS, a transmissão por via sexual é a principal causa de contágio e, consequentemente, do alastramento da doença. Tendo em conta o número total de casos notificados até à data pelo Centro de Vigilância Epidemiológica, Faro é o terceiro distrito do País com mais casos registados. Conforme os dados do Centro de Aconselhamento e Detecção Precoce da Infecção pelo VIH (CAD), há um aumento da procura deste centro. O número de testes realizados anualmente tem aumentado, assim como a proporção de resultados positivos. "Durante o corrente ano, os casos positivos detectados duplicaram em relação ao ano anterior", adianta a ARS. O CAD, em parceria com a Associação para o Planeamento da Família (APF) e o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), tem vindo a reforçar a aposta no rastreio, anónimo e gratuito, do vírus da SIDA na região algarvia. A luta contra a epidemia da infecção do VIH é assinalada amanhã, dia 1 de Dezembro, com um reforço de rastreios do vírus da SIDA no Algarve


Tanta comissão, tantos projectos "brilhantes",tantos cargos reais, virtuais e assim assim, publicidade bem paga.O o blá blá do costume, as boas intenções, governos de faz de conta para alguém fazer contas gordas de verdade e no fim ...isto a sida não pára…assim como a incompetência o desleixo e o nepotismo…
fgregorio

Cultura



O meu deserto



Tenho um deserto preso na ponta da caneta, não é um facto surpreendente pois já vi os melhores oradores exibindo magníficos territórios por desbravar no interior das suas bocas. Não se tratam de fenómenos mas sim de velhos hábitos. Como aquele que recusava qualquer tipo de viajem porque via permanentemente o Kilimanjaro projectado sobre a porta de casa. Coisas assim são o dia a dia de bastantes anónimos, não se tratam de videntes ou adivinhos. Conheci igualmente uma criança que transportava permanentemente um rio na extremidade do olhar. Na escola ela podia ouvir em permanência cachoeiras que eram de todos desconhecidas. Na minha rua habita uma senhora que traz ocasionalmente pela mão o Oceano Atlântico, podendo desta maneira visitar com alguma frequência a sua filha que vive em Nova Iorque. Cá por mim fico contente pelo meu deserto, pois sempre que fico retido demasiado tempo no trânsito, puxo da caneta e escrevo uma carta sem endereço. Nesses dias deito-me com a certeza de acordar senhor do titulo de propriedade do mais belo oasis das redondezas.
f gregorio



Tuesday, November 29, 2005

HINO À LIBERDADE


Um verdadeiro hino à liberdade, em toda a sua plenitude!

Concebido com muita imaginação e sensibilidade
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www.bozzetto.com/freedom.htm abre aqui o ficheiro.


Abre o ficheiro e verás um belo desenho animado!!

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA





Caros bloquistas:

O camara Simeão vai participar na sessão da Assembleia de Freguesia de Portimão, na próxima 4ª Feira, dia 30, pelas 21.30 horas e era bom que lá estivéssemos (pelo menos no início), visto a sessão ser pública. Eu não poderei estar pois à mesma hora tenho em Faro a reunião da Comissão Coordenadora para discutir a vinda do Louçã ao Algarve nos próximos dias 17 e 18 de Dezembro.
Saudações bloquistas.

J. Vasconcelos



Monday, November 28, 2005

Recolha de assinaturas



Terça feira dia 29 de Novembro, pelas 16 h, vamos estar junto à porta da Junta de Freguesia para recolha de assinaturas p/ legalização da candidatura de F. Louçã.
É absolutamente necessária a recolha das assinaturas!!!
Esperamos por ti!!

Filosofia governamental: No poluir está o ganho...!!

Louçã: Governo negociou na Rússia compra de emissão de gases com efeito de estufa 28.11.2005 - 15h42 Lusa

O candidato presidencial Francisco Louçã afirmou hoje que tem indicações de que o ministro da Economia, Manuel Pinho, foi à Rússia negociar a compra de direitos de emissão excessiva de gases com efeito de estufa.
"Chamei a atenção para o facto de a partir de 2008 o não cumprimento do Protocolo de Quioto, como já está acontecer em Portugal, obrigar ao pagamento de multas ou a negociar licenças de emissão excessiva a outros países", disse Francisco Louçã, sem dar mais pormenores sobre a alegada deslocação de Manuel Pinho a Moscovo.O candidato do Bloco de Esquerda, que participou num debate organizado pela Associação de Estudantes da Faculdade de Economia da Universidade Católica do Porto, lembrou que Portugal "está hoje 16 por cento acima dos níveis a que se comprometeu quando assinou o Protocolo de Quioto", em 1997.Neste contexto, Francisco Louçã alertou para o facto de que Portugal vai ter de pagar pelo excesso de gases de estufa "o equivalente aos custos de três anos de Scuts ou duas a quatro vezes a parte pública do investimento no aeroporto da Ota"."Nos próximos cinco anos já vamos começar a pagar estas multas e nos próximos dez anos os custos vão disparar para o céu", disse. "Esta fortuna fabulosa que temos de pagar em multas e licenças de emissão de gases de estufa está a passar despercebida no nosso país", salientou.



in: Público de 28 de Nov. de 2005


Saturday, November 26, 2005

Jantar/Festa

Algumas fotos do jantar/festa




Ontem dia 25 de Novembro o BE-Portimão decorreu um jantar-festa, de celebração da entrada do camarada João Vasconcelos para a Junta Metropolitana do Algarve, o jantar festa contou com a participação de companheir@s do resto do Algarve (de Lagos a Vila Real de S António).Mais uma vez os companheiros Luis Calado e João Vieira abrilhantaram a "coisa"com música.Não esquecemos a participação de alguns alunos do companheiro Luis que executaram um excelente momento musical.A todos obrigadoA militância também é solidariedade amizade e alegria!
f greg

Friday, November 25, 2005

TIQUES SALAZARISTAS


UM GOVERNO COM TIQUES SALAZARISTAS

UM SINDICATO POR UM PRATO DE LENTILHAS!!





EDUCAÇÃO
COMISSÃO PARA "FISCALIZAR"

A comissão que irá acompanhar a aplicação nas escolas de medidas
como a reorganização da componente não lectiva vai ser constituída esta semana.A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) integra a comissão
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in Correio da Manhã de 22/11/05

Thursday, November 24, 2005

Greve dos Enfermeiros

Jornal Região Sul

85% dos enfermeiros aderiram à greve no Algarve





Em alguns centros de saúde da região o sinal de protesto chegou a atingir 100% O terceiro e último dia de greve dos enfermeiros, a decorrer hoje na zona sul e ilhas, registou os índices mais altos de adesão deste protesto que se iniciou no dia 22.

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No Algarve o protesto atingiu globalmente os 85%, chegando mesmo a cifrar-se em 100% nalguns Centros de Saúde da região, nomeadamente Quarteira, Castro Marim, Vila Real de Santo António e Monchique, como sublinhou, ao Região Sul, Celso Silva, da delegação do Algarve do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.

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Também os serviços nos blocos operatórios do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio e do Hospital Distrital de Faro acabaram por ser comprometidos, realizando-se apenas as cirurgias de urgência. As cirurgias programadas foram todas canceladas à excepção das do foro oncológico. As consultas externas também foram afectadas com uma adesão dos enfermeiros na ordem dos 80%.


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Fazendo um balanço, Celso Silva considerou que “os números da adesão dos enfermeiros no Algarve tal como em todo o país são bastante significativos do descontentamento destes profissionais de saúde”. Recorde-se, no primeiro dia a greve na região Norte teve uma adesão de 70% cento e ontem, na região centro, rondou os 68%.

Wednesday, November 23, 2005

TOME NOTA


TOME NOTA (1)




Incompetência ou má fé?




A escola pública encontra-se em pleno estado de destruição. Aquilo que governos de direita vinham preparando com todo o cuidado mas com algum pudor, está a ser levado a cabo, com o maior descaramento que se possa imaginar, por um governo dito de esquerda. Dito de esquerda, porque de esquerda só tem o nome. Basta verificar os elogios que toda a direita faz às medidas que a Ministra da Educação tem tomado no âmbito da chamada reorganização educativa. O alvo principal são os professores, uma espécie de cáfila que, no dizer dos arautos do ataque à escola pública, não querem trabalhar e estão apenas apostados em defender os seus “privilégios” e exaurir os cofres do Estado, sem atenderem às dificuldades que apresenta o défice das contas públicas.
Um aspecto muito discutido, relativamente às medidas que o Ministério da Educação (M.E.) vem tomando, tem a ver com as denominadas “aulas de substituição” como forma de combate ao insucesso escolar. Poderá dizer-se, sem margem de erro, que esta medida tão aplaudida seria trágica se antes disso não fosse ridícula.
Trágica porque revelaria, mais uma vez, a incompetência de quem está à frente do M.E. (se em vez de incompetência tivermos má fé, a situação torna-se muito mais grave)
Ridícula porque, combater o insucesso escolar desta forma é o mesmo que mandar soldados para uma guerra, armados de fisgas…
O que vai fazer um professor de Matemática do 2º Ciclo do Ensino Básico quando substitui um colega de Educação Física numa turma do 3º Ciclo? Absolutamente nada de útil. O simples senso comum chega à conclusão que não faz qualquer sentido colocar um professor perante um grupo de alunos que não conhece, com os quais não tem qualquer relação pedagógica, numa situação excepcional que poderá não voltar a repetir-se.
O texto seguinte é um excerto de uma crónica assinada por Antero Afonso, publicada no “Correio da Educação”, um semanário para professores da responsabilidade da Editora ASA.
““Que é que queres, velha?”. As palavras atingiram-na, tão improváveis quanto injustas. Olhou-os de frente, aquele mar de cabeças minúsculas, tão novos e irrequietos, tão desconhecidos e ameaçadores. “Vai-te embora velha!” Um susto percorreu-lhe o corpo e à admiração sucedeu o pavor. Lembrou-se da angina de peito e, disfarçando o gesto, ocultando o sentido dos seus movimentos, introduziu, debaixo da língua, o comprimido redentor. Ainda ensaiou a pergunta inútil: - “Vocês não têm avós?” “Gostariam que lhes fizessem o mesmo?” Mas já o alarido e a agressão verbal voltaram, à rédea solta. Ela, atrás das lágrimas que se soltaram à desfilada, rosto abaixo, voltou a si, na sala de professores, rodeada de rostos familiares e perplexos. Tantos anos, tanta energia, tanta criatividade dedicados à escola e aos alunos e, num momento, numa decisão impúdica dos seus superiores, num gesto verbal de alguns desconhecidos, tudo ruía, todo o seu corpo se desmoronava, toda a sua vida perdia sentido.”
A situação relatada é real mas, pela minha curta experiência com as “aulas de substituição”, é plena de sentido. Haverá, certamente, inúmeros casos, mais ou menos dramáticos, como o que aqui foi exposto.

Luís Moleiro Santos (Professor do 2º Ciclo do Ensino Básico)

Tuesday, November 22, 2005

Noticias da América Latina e do Caribe


América Latina, líder em desmatamento




- A superfície florestal mundial reduz-se a cada ano em cerca de 13 milhões de hectares por causa do desflorestamento embora o ritmo de perda esteja diminuindo graças às plantações e a expansão natural dos bosques, segundo anunciou o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação (FAO). A perda anual de superfície florestal, entre 2000 e 2005, foi de 7,3 milhões de hectares anuais - uma área equivalente a Serra Leoa ou ao Panamá - frente a uma estimativa de 8,9 milhões de hectares entre 1990 e 2000. Esses números equivalem a 0,18% do desflorestamento da superfície mundial a cada ano.
Estes dados aparecem no documento Avaliação dos Recursos Florestais Mundiais 2005 (FRA 2005), o estudo mais completo já realizado até a data sobre o patrimônio florestal mundial, seu uso e valorização, cobrindo um total de 229 países e territórios entre 1990 e 2005. "Esta avaliação nos permite perceber o importante papel dos recursos florestais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, em particular os que se referem à redução da pobreza e a sustentabilidade do meio ambiente", assegurou Hosny El Lakany, sub-diretor geral do Departamento Florestal da FAO.

Os bosques cobrem, hoje em dia, cerca de 4 bilhões hectares, o equivalente a 30% da superfície terrestre. Existem 10 países que concentram dois terços deste patrimônio florestal: Austrália, Brasil, Canadá, China, República Democrática do Congo, Índia, Indonésia, Peru, Federação Russa e Estados Unidos. A América do Sul sofreu a mais importante perda de bosques entre 2000 e 2005: cerca de 4,3 milhões de hectares ao ano, seguida pela África com 4 milhões por ano.

Oceania e América do Norte e Central perderam cada uma cerca de 350 mil ha, enquanto a Ásia passou de perdas de 800 mil ha anuais na década de 90 a um ganho de um milhão de hectares ao ano entre 2000-2005, graças sobretudo aos programas de reflorestamento de grande escala realizados na China. As superfícies florestais na Europa continuaram sua expansão, apesar de em um ritmo menor que nos anos 90.

Os bosques primários, que são superfícies florestais sem sinais visíveis da presença humana passada ou presente, e representam 36% do total de bosques, estão sendo destruídos ou modificados a um ritmo de 6 milhões de hectares anuais, devido ao desflorestamento ou a poda seletiva. O informe FRA 2005 também indica que aumentam os reflorestamentos em ritmo crescente, mas que as plantações não são nem sequer 5% do total da superfície florestal mundial.

Os bosques têm múltiplas funções, incluídas a conservação da diversidade biológica, do solo e os recursos hídricos, o abastecimento de madeira e de outros produtos não florestais, além de servir como áreas de diversão e absorção de carbono. Enquanto a maior parte dos bosques destina-se a usos múltiplos, o informe FRA 2005 diz que 11% da superfície mundial está reservada para a conservação da biodiversidade e que esta superfície aumentou em cerca de 96 milhões de hectares desde 1990.

Cerca de 348 milhões hectares de bosques se destinam à conservação do solo e aos recursos hídricos, para fazer frente aos riscos de avalanches ou a desertificação, fixar dunas de areia ou proteger as áreas costeiras. Um terço dos bosques do mundo são utilizados principalmente para a produção de madeira, pasta de papel e produtos não florestais, e mais da metade incluem este tipo de produção entre seus planos de gestão o que indica a importância da produção florestal a nível local, nacional e internacional.

Os bosques têm também grande importância como absorvedores de carbono: a quantidade de carbono lançado na biomassa florestal é de 283 gigatoneladas (Gt) de carbono, apesar de ter chegado, em nível mundial, em 1,1 Gt anuais entre 1990 e 2005. O carbono lançado na biomassa, a madeira morta, os dejetos e o solo, são aproximadamente 50% mais que a quantidade lançada na atmosfera.

Os dados contidos no FRA 2005 foram entregues à FAO pelos governos nacionais e por especialistas na avaliação de recursos, com mais de 800 pessoas envolvidas no processo, com 172 equipes de avaliação nacional, segundo Mette Løyche Wilkie, que coordenou a realização. "O resultado desta colaboração em nível mundial é uma melhor informação, um processo de avaliação mais transparente e a melhor capacidade de analisar e informar sobre os bosques e seus recursos", explicou."Os dados contidos no FRA 2005 ajudarão na tomada de decisões nas políticas e programas florestais e na realização de estudos sobre bosques e desenvolvimento sustentável em todos os níveis: local, nacional e internacional", acrescentou Wilkie.

Monday, November 21, 2005

HAROLD PINTER


HAROLD PINTER (PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2005)
Discurso de Turim


Por ocasião do doutoramento honoris causa

27 de Novembro de 2002



Fui este ano sujeito a uma operação complicada a um cancro. A operação e os efeitos dela resultantes tiveram qualquer coisa de pesadelo. Senti que era um homem incapaz de nadar que se agitava debaixo de água num oceano profundo, escuro infindável. Mas não me afoguei e estou muito contente por estar vivo. No entanto, pareceu-me que emergir de um pesadelo pessoal foi entrar num pesadelo público infinitamente mais disseminado – o pesadelo da histeria, ignorância, estupidez, e beligerância americanas: a mais poderosa nação que o mundo alguma vez conheceu em guerra aberta com o resto do mundo. “Se não estiverem connosco, estão contra nós”, disse o presidente Bush.
Também disse que “Não vamos permitir que as piores armas do mundo permaneçam nas mãos dos piores líderes do mundo”.
Certíssimo. Olha ao espelho, pá. És tu.
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Os Estados Unidos estão neste momento a desenvolver avançados sistemas de “armas de destruição maciça” e estão preparados para usa-las onde acharem adequado. Têm mais armas destas que o resto do mundo todo junto. Não quiseram assinar acordos internacionais sobre armas biológicas e químicas, recusando-se a permitir que as próprias fábricas sejam inspeccionadas. A hipocrisia por detrás das suas declarações públicas e das suas próprias acções é quase uma piada.
Os Estados Unidos acreditam que as três mil mortes em Nova Iorque são as únicas mortes que realmente interessam. São mortes americanas. Quaisquer outras mortes são irreais, abstractas, inconsequentes.
As três mil mortes do Afeganistão nunca são referidas.
As centenas de milhares de crianças iraquianas mortas por causa das sanções norte americanas e britânicas nunca são referidas.
O efeito do urânio empobrecido, usado pela América na guerra do Golfo, nunca é referido. Os níveis de radiação no Iraque são alarmantemente altos. Há bebés que nascem sem cérebro, sem olhos sem órgãos genitais. Quando têm orelhas, bocas ou rectos, tudo o que sai desses orifícios é sangue.
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As duzentas mil mortes em Timor-leste em 1975 provocadas pelo governo Indonésio mas inspiradas e apoiadas pelos Estados Unidos nunca são referidas.
O meio milhão de mortes na Guatemala, Chile, El Salvador, Nicarágua, Argentina e Haiti e acções apoiadas e subsidiadas plos Estados Unidos nunca é referido.
Os milhões de mortes no Vietname, Laos e Cambodja já não são referidos.
A situação desesperada do Povo Palestiniano, o factor central da instabilidade mundial, dificilmente é referida.
Mas que juízo errado do presente que tresleitura da História tudo isto é.
As pessoas não esquecem. Não esquecem a morte dos seus companheiros, não esquecem a tortura e a mutilação, não esquecem a injustiça ,não esquecem a opressão, não esquecem o terrorismo das grandes potências. Não só não esquecem. Contra-atacam.
A atrocidade de Nova Iorque era previsível e inevitável.
Foi um acto de retaliação contra as manifestações constantes e sistemáticas de terrorismo de estado por parte dos Estados Unidos da América ao longo de muitos anos, em todas as partes do mundo.
Na Grã-bretanha, a sociedade está agora avisada para que esteja “vigilante” relativamente à preparação de potenciais actos terroristas. A linguagem é em si grotesca. Como será – ou como poderá ser – materializada a vigilância pública? Usando um lenço por cima da boca como protecção contra o gás venenoso? No entanto, os ataques terroristas são bastante prováveis, o resultado inevitável da subserviência desprezível e vergonhosa do nosso primeiro-ministro face aos Estados Unidos. Aparentemente, um ataque terrorista com gás venenoso no sistema do Metro de Londres foi recentemente evitado. Mas um acto assim pode, de facto, ter lugar.
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Milhares de crianças das escolas viajam diariamente no Metro de Londres. Se houver um ataque com gás venenoso que lhes provoque a morte, a responsabilidade cairá inteiramente sobre os ombros do nosso primeiro-ministro. Nem é preciso dizer que o primeiro-ministro não anda de metro.
A guerra planeada contra o Iraque é, de facto, um plano para o homicídio premeditado de milhares de civis de forma, aparentemente, a salvá-los do seu ditador.
Os Estados Unidos e a Grã-bretanha estão a seguir um rumo que apenas pode levar a uma escalada de violência por todo o mundo e finalmente à catástrofe.
É óbvio, no entanto, que os Estados Unidos estão desejosos de atacar o Iraque. Eu acredito que o vão fazer – não apenas para controlar o petróleo Iraquiano – mas porque a administração norte-americana é actualmente um animal selvajem sedento de sangue.
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As bombas são o seu único vocabulário. Muitos americanos, sabemo-lo, estão horrorizados com a postura do seu governo mas parecem não poder fazer nada.
A menos que a Europa encontre solidariedade, a inteligência, a coragem e a vontade para desafiar e resistir ao poder dos EUA, a própria Europa merecerá a definição da Alexander Herzen: “Não somos médicos. Somos a doença”.






Texto extraído da obra “GUERRA” de HAROLD PINTER, publicado pelas “Quasi” edições
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Sunday, November 20, 2005

Diário de Campanha



Não é aceitável a presença em Cabul

A morte de um sargento do exército português e o ferimento de três outros militares foi ontem comentada por Francisco Louçã, que exprimiu o seu pesar e a sua solidariedade com as famílias das vítimas. Louçã declarou ainda que a patrulha das ruas de Cabul não é uma missão aceitável para o exército português, porque se trata de defender um regime de senhores de guerra, de narcotraficantes e de responsáveis pela continuação da opressão das mulheres.
De facto, acrescentou, as tropas de outros países só continuam as suas missões militares no Afeganistão por serviço à estratégia de George Bush.O debate sobre a política externa e de defesa de Portugal é indispensável na campanha presidencial, e responsabiliza todos pela escolha da política que teremos no futuro.



F. Louçã


19 Novembro 2005

poema


Conheci-te em criança

Rafael Alberti

(A Ernesto Che Guevara)



Conheci-te em criança
lá nos campos da Córdova argentina,
brincando entre os álamos e os campos de milho,
entre as vacas das velhas quintas,e os trabalhadores...
Não te vi mais, até que um dia soube
que tu eras a luz ensanguentada, o norte,
essa estrela
que deve ser olhada a cada momento
para que saibamos por onde vamos.

IRAQUE




O Presidente "fantoche" do Iraque "Quer dialogar" com a resistência (Artigo do jornal espanhol "El Mundo") 20 de Nov. 2005





O HOMEM DIZ QUE DISTINGUE ENTRE 'TERRORISTAS' E 'RESISTENCIA'!!

El presidente de Irak dice estar 'dispuesto' a abrir un diálogo con los insurgentes

El presidente de Irak, Jalal Talabani, ha distinguido entre "los terroristas de Abu Musab al Zarqaui" y "los iraquíes que quieren expulsar a las tropas extranjeras", y se ha mostrado "dispuesto" a hablar con estos.

f gregorio



CINEMA



Filmes, política e violência dos EUA
http://www.lainsignia.org



Luís Carlos LopesLa Insignia. LINK.


Brasil, novembro de 2005.





O filme Crash, dentre outros feitos em tempos de guerra, aborda com veemência o problema interno da violência norte-americana. Talvez, não casualmente, esta película foi escrita e dirigida por um cineasta canadense anglofônico - Paul Haggis - radicado nos EUA. O fato de ele ter nascido no Canadá e de viver nos EUA deve explicar, em parte, o interesse dele em compreender as diferenças. Por outro lado, este interesse é universal. As raízes da violência interna dos EUA e da política de conquista do país mais rico do planeta dizem respeito a toda a humanidade.
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O Canadá e os EUA são países de largas fronteiras e problemas comuns. Pertencem ao chamado Primeiro Mundo e ambos receberam e ainda recebem emigrantes de todo o planeta. Entretanto, o índice de violência existente no extremo norte das Américas é infinitamente menor do que ocorre após os Grandes Lagos até a fronteira do Rio Grande. O Canadá negou-se a participar da Guerra do Iraque. Os EUA invadiram o Afeganistão e o Iraque e ameaçam demorar muito para sair destes países, mesmo que uma vitória definitiva seja utópica.
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O filme Crash é ambientado em Los Angeles. Foca, com intenso realismo, as imensas dificuldades convivenciais de uma sociedade de rara complexidade socioracial. Diversas etnias vivem juntas, porém, nas regras multiculturais em vigor, elas pouco se interpenetram. Suas culturas transformam-se em uma zona de refúgio e de defesa das dificuldades de se operarem trocas e de se estabelecer o diálogo franco. A difícil comunicação entre elas cria muros imaginários e zonas de silêncio intransponíveis.
Sem o livre curso da parole humana, está aberto o flanco do racismo e da violência. Sem diálogo e intercompreensão, resta a resposta da força que se diferencia conforme o potencial de poder dos seus agentes. Obviamente, a força organizada pelo Estado, acreditada e apoiada pelos setores socioraciais interessados, é a mais virulenta e cruel. Isto ocorre porque ela dispõe de maiores recursos materiais e simbólicos. A combinação do racismo com a força de Estado, mesmo quando se vive em uma democracia formal, resulta em algo monstruoso.
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A neurose social resultante, tão bem explorada no filme Crash, remete ao velho problema de como uma sociedade se organiza em um quadro interno de choque de classes e culturas. A resposta individual circunscreve-se na loucura, quando se aceita a ordem estabelecida, e na libertação e rebeldia quando se admite que esta ordem é injusta e precisa ser modificada. O casal negro de classe média que representa um dos dramas do filme resume o problema com uma interpretação magnífica de Thandie Newton e Terrence Howard.
No seu conjunto, o filme é um retrato hiperrealista dos problemas internos do país que pode ajudar a explicar a política externa em vigor. Os EUA, depois da Queda do Muro de Berlim em 1989 e o do 11 de setembro de 2001, revalorizaram os seus velhos fantasmas internos. O inimigo não é mais o comunismo. Este é passado e interessa aos historiadores. O inimigo do presente está dentro e fora do país, representado por etnias e culturas que não conseguem se integrar plenamente no american dream.
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Ao considerar os outros, os diferentes, como os novos alvos preferenciais, o país retorna a velhos mitos do século XIX. Estes são os da construção de uma sociedade baseada no poder e na ação de indivíduos armados, tanto dentro como fora do país. A luta destes, habilmente dirigida por interesses empresariais e governamentais, é contra qualquer ameaça interna e externa. Se esta ameaça não é tão forte assim, basta potencializá-la com o recurso da propaganda e da retórica oficial.
O que o filme também mostra, com um deslize aqui e acolá, é que a sociedade norte-americana é constituída por imensa pluralidade étnica e cultural. Esta cresce sem parar. O próprio filme é um exemplo da multiplicidade de opiniões que circulam por lá. Chegará o momento em que a humanidade representada por todas as etnias que vivem nos EUA fará valer o fato de que a nação norte-americana deverá buscar suas raízes para além da violência, que é um dos aspectos de sua história.
Muitos norte-americanos sabem da imensa capacidade de seu país de criar soluções para os problemas da humanidade. Várias das soluções políticas humanistas do mundo do trabalho e da consciência social universal nasceram nos EUA. As mudanças da política externa norte-americana atual consistem em problemas que interessam o conjunto dos povos, inclusive aos próprios norte-americanos.
Como já ocorreu em outros momentos da história daquele país, os problemas internos levarão a pressões para se alterarem as metas do país para o mundo. A luta interna e externa contra a atual ordem mundial não pode ser concebida ou vencida por todos lados, apenas com o uso da força. Ninguém será integralmente convencido por força do poderio bélico ou pela ameaça de reações fora de lugar. A verdadeira arena onde estas batalhas serão vencidas será construída no terreno do convencimento. Este será validado, se baseado em argumentos que comprovem seus fundamentos e que proponham soluções para os problemas da humanidade. Assim seja!

Thursday, November 17, 2005

A Revolução Russa


Recordar a Revolução Russa

Artigo de João Vasconcelos publicado no semanário "Barlavento".

A Revolução Socialista Russa, a primeira que, no mundo, incluía no seu programa o fim da exploração do homem pelo homem, a abolição das classes, que iniciou a construção de uma sociedade socialista apontando o rumo do comunismo, ocorreu há 88 anos.
No dia 7 de Novembro de 1917 (25 de Outubro segundo o calendário Juliano, na altura em vigor na Rússia), os bolcheviques, sob a direcção de Lénine, promoveram a insurreição dos operários, dos soldados e dos camponeses do vasto Império Russo. Surgiu assim, um Estado de tipo novo, que pretendia colocar as riquezas ao serviço dos trabalhadores e da sociedade em geral. Uma revolução que vai modelar o Século XX, influenciando a luta da humanidade pela sua libertação e cujo exemplo, não obstante a derrota da primeira experiência socialista, inspira, cada vez mais em todo o mundo, novas lutas pela liberdade e pela justiça, a caminho de novas revoluções socialistas.




John Reed, na sua empolgante obra Dez Dias que Abalaram o Mundo, descreve de forma genial os acontecimentos revolucionários desses dias memoráveis. Lénine, em nota introdutória à obra de Reed, refere: «eis um livro que gostaria de ver publicado em milhões de exemplares e traduzido em todas as línguas», recomendando a sua leitura aos operários de todo o mundo. A Preparação da Insurreição
Não obstante o triunfo da Revolução Burguesa de Fevereiro, que derrubou a tirania czarista de Nicolau II, a crise económica e financeira da Rússia agravava-se rapidamente, com o rublo em desvalorizações contínuas, a fome e a miséria grassavam entre as massas trabalhadoras, as derrotas na frente russa sucediam-se, as tropas eram enviadas para sufocar os protestos, as greves adquiriam um carácter acentuadamente político, exigindo a entrega do poder aos Sovietes. Os bolcheviques colocavam-se à frente dos operários, exigindo o controlo operário, e dos camponeses, pela ocupação das terras.
O governo de Kerenski, desorientado, tomava medidas cada vez mais repressivas, proibindo os soldados de participar nas actividades políticas e ordenando a punição das acções dos camponeses. No entanto, o exército já não era seguro, recusando-se os soldados a reprimir os trabalhadores. Rebentam rebeliões nacionais na Ucrânia e no Cáucaso. A partir da clandestinidade em Vyborg, onde se encontrava, Lénine escreve a 29 de Setembro que a crise estava madura para a Revolução.
Chegado da clandestinidade a Petrogrado no dia 10 de Outubro, Lénine vai participar numa reunião do Comité Central do POSDR(b), onde se decidiu a constituição de um Bureau Político do CC para dirigir politicamente a insurreição.
No dia seguinte, reuniu-se no Instituto Smólni o Congresso dos Sovietes Deputados Operários e Soldados do Norte da Rússia, relatando que as massas estavam dispostas à insurreição e aprovando a resolução: «Só a passagem imediata de todo o Poder para os órgãos da Revolução, pode salvar o povo».
Foi criado em Petrogrado um Comité Militar Revolucionário, com as funções de dirigir a insurreição, integrando representantes do Soviete de Petrogrado, do CC da Esquadra do Báltico, do Comité Regional da Finlândia, dos comités de fábrica e da Organização Militar junto do CC do Partido Bolchevique. Nos dias seguintes, a exigência de passagem do poder para os Sovietes alastra por toda a Rússia. O Congresso dos Sovietes da Sibéria e da Ucrânia tomam idêntica posição e o Soviete de Moscovo decide armar os trabalhadores através dos estados-maiores da Guarda Vermelha.No dia 20 de Outubro, o Comité Militar Revolucionário nomeia comissários para todas as unidades militares de Petrogrado, e a seguir para as principais empresas da cidade.





No dia 21, a guarnição de Petrogrado através dos seus representantes decide apoiar o CMR, propondo para o dia 22, o Dia do Soviete de Petrogrado. Neste dia, realizam-se na cidade grandiosos comícios, em que os operários demonstram a sua força. As unidades militares passam-se cada vez mais para o campo da Revolução.
A 24 de Outubro, a tipografia do Rabótchi Put (A Via Operária), órgão central dos bolcheviques (o Pravda fora ilegalizado) sofreu um ataque do governo. O ministro da Justiça tenta prender Lénine e os alunos das escolas militares ocupam pontos nevrálgicos da cidade. Prepara-se o assalto a Smólni, quartel-general dos bolcheviquese e da insurreição. O tempo urge.
A Revolução Triunfa.





Nada melhor que John Reed para nos relatar o desencadear da Revolução, que se encontra no Instituto Smólni no dia 24 de Outubro: «na sala n.º 10 do último andar estava reunido em sessão permanente o Comité Revolucionário Militar, cuja presidência estava entregue a um rapaz de dezoito anos, muito louro, chamado Lazimir. Ao passar, parou para me apertar a mão, um tanto timidamente. «A Fortaleza de Pedro-e-Paulo acaba de passar para o nosso lado», disse-me com um sorriso de satisfação. «Há um minuto recebemos uma comunicação de um regimento que o Governo mandara vir para Petrogrado. Os soldados, desconfiados, pararam o comboio em Gatchina e enviaram-nos uma delegação. «Que se passa?», perguntaram. «Que tendes a dizer? Nós acabámos de votar a resolução Todo o Poder aos Sovietes...» O Comité Revolucionário Militar volveu-lhes: «Irmãos! Saudamo-vos em nome da Revolução. Fiquem onde estão até novas instruções!».





Neste dia, Kerenski perante o Conselho da República, no Palácio Marinski, ataca Lénine como um «criminoso político que anda escondido e cujo paradeiro tentamos descobrir...». Aqui, toma conhecimento duma nota emitida pelo Soviete de Petrogrado, ordenando a todos os regimentos que se pusessem em pé de guerra imediatamente. O II Congresso dos Sovietes da Rússia inicia os seus trabalhos na manhã do dia 25 de Outubro (7 de Novembro), enquanto a insurreição vitoriosa atingia o seu auge e o poder se encontrava nas mãos do Soviete de Petrogrado. Lénine dirigia pessoalmente a Revolução.
A Guarda Vermelha e as tropas revolucionárias ocuparam as estações de caminhos de ferro, o correio, o telégrafo, os ministérios e o Banco do Estado. O couraçado «Aurora» proclama uma nova era, a era da revolução socialista, fazendo troar os seus canhões apontados para o Palácio de Inverno, onde se refugiara o Governo Provisório. Este foi preso, excepto Kerenski que conseguiu fugir. O pré-Parlamento foi dissolvido.Lénine, no seu apelo Aos Cidadãos da Rússia, anuncia a passagem do poder do Estado para o Comité Militar Revolucionário, órgão do Soviete de Deputados Operários e Soldados de Petrogrado: «A causa pela qual o povo lutou – a proposta imediata de uma paz democrática, a supressão da propriedade latifundiária da terra, o controlo operário sobre a produção, a criação de um Governo Soviético – esta causa está assegurada. Viva a Revolução dos Operários, Soldados e Camponeses!».






No mesmo dia, o II Congresso dos Sovietes proclamou a passagem do poder para as mãos dos Sovietes, sendo constituído o Conselho dos Comissários do Povo, o primeiro Governo dos Sovietes, com Lénine como seu Presidente. Na noite de 26 de Outubro, o Congresso aprovou os célebres Decretos sobre a paz e sobre a terra.
A Revolução Socialista Russa, constituiu assim, o maior acontecimento político do século XX, ou melhor dizendo, o maior acontecimento da História da Humanidade, pois mostrou o caminho que esta terá de trilhar para conseguir a sua completa Libertação, não obstante a sua derrocada posterior. Numa época de globalização imperialista que protege cada vez mais os poderosos do planeta, novas experiências socialistas libertas dos erros do passado e melhor aperfeiçoadas verão chegar a sua vez. Os oprimidos e explorados do mundo encarregar-se-ão de tal desiderato.



João Vasconcelos*



*investigador de História e membro da Coordenadora Distrital do Bloco de Esquerda do Algarve
17 de Novembro de 2005 14:

REUNIÃO



Caros amigos:

A sessão da Assembleia Municipal de Portimão passou de 6ª Feira para a próxima 2ª Feira, dia 21 de Novembro, às 21.00 horas. Para prepararmos a nossa intervenção e, em particular o período dedicado aos cidadãos proponho um pequeno encontro, para quem puder no próximo Sábado, dia 19, na Casa das Artes, pelas 21.30 horas.



Saudações bloquistas.
Vasconcelos

Tuesday, November 15, 2005

Presidenciais



Toda a diferença


Já está a ser distribuído o primeiro folheto de campanha, que destaca os cinco eixos apresentados na declaração de candidatura.



Veja em formato PDF nos materiais de campanha.9 Novembro 2005

Monday, November 14, 2005

GUERRA


F. LOUÇÃ


Diário de Campanha


Presença injustificável


O ministro da Defesa foi a Cabul dizer que as tropas portuguesas vão ficar no Afeganistão para além da data prevista, Agosto de 2006.
Para disfarçar, disse que o contingente de 196 homens pode ser diminuído. Para o ministro, “não nos podemos desprender completamente deste teatro uma vez que há um forte apelo da comunidade internacional e dos nossos aliados para que mantenhamos aqui uma presença”.
Quer dizer: Portugal está no terreno a defender o poder dos senhores da guerra que martirizam quotidianamente os afegãos (e particularmente as mulheres) só porque tem a bênção de W. Bush.
Fraca desculpa para uma presença militar injustificável.

Sunday, November 13, 2005

Reunião de Núcleo



Na passada 4ª feira reuniram os companheir@s do núcleo do BE-Portimão.
Bloco de Esquerda
Foram tratados assunto relativos ao trabalho autárquico.
Os companheir@s eleitos para a assem. Municipal explanaram e questionaram
os camaradas do núcleo sobre futuras tomadas de posição do BE ao nivel do trabalho autárquico.
Também foi considerada importante a divulgação do trabalho autárquico do BE através de uma folha mensal que eventualmente se poderia chamar "O BE-Portimão presta contas".
Foi também abordada a campanha presidencial e a sua preparação ao nivel do concelho de Portimão.
Foi decidido realizar na próxima reunião a eleição da nova cordenação do núcleo (3 ou 4 camaradas).
A reunião foi muito concorrida ,e para além dos trabalhos propiciou mais uma vez o encontro de gente que se vai ligando cada vez mais por laços de solidariedade e por uma forte empatia nascida entre companheir@s que com alegria lutam por uma causa comum, (a liberdade e a justiça social!).
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fernando gregorio


Friday, November 11, 2005

UM HOMEM DE CULTURA



Jaime Palhinha
Para além da homenagem

d.r. Ver Fotos »
Jaime Palhinha

Escola D. Martinho de Castelo Branco atribuiu nome do professor e investigador a Biblioteca. Esta foi, até agora, a única homenagem prestada pela cidade de Portimão a Jaime Palhinha, desde a sua morte

TEMAS: História e histórias do Algarve



Portimão tem, desde o dia 19 de Setembro, uma nova biblioteca, a Biblioteca Escolar Jaime Palhinha, situada no piso superior da Escola E.B. 2,3 D. Martinho de Castelo Branco.
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É uma despretensiosa homenagem, que pretende reconhecer um homem que, além de ter sido um distinto docente desta instituição escolar, foi também um cidadão consciente e interveniente nas questões do património e da história desta cidade.
A cerimónia de homenagem ao professor Jaime Aschemann Bispo Palhinha, realizada naquele mesmo dia, constou de uma sessão solene no auditório da escola, onde foi feita a projecção da sua fotobiografia e alguns depoimentos de pessoas que com ele conviveram e trabalharam.
Seguiu-se a inauguração de uma exposição fotobiográfica, a qual ficará patente no hall da secretaria da escola e depois o descerramento da placa que dá o seu nome à biblioteca, por dois dos seus netos. O acto de homenagem terminaria com um convívio na sala de professores.
Por iniciativa da escola e do seu Departamento de História, foi editado um desdobrável fotobiográfico e ainda um marcador de livros.
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Para além da família, estiveram presentes antigos colegas, amigos, alunos e alguns representantes de organismos públicos.Falecido repentinamente no Dia de Natal de 2001, com 76 anos de idade, o professor Jaime Palhinha foi uma figura ilustre, dessas de que o Algarve tanto se orgulha e que marcou de forma incomensurável a cidade de Portimão, onde viveu e trabalhou muitos anos.
Lagos, a sua terra natal, vai homenageá-lo brevemente, dando o seu nome a uma rua. Personalidade extremamente rica e multifacetada, Jaime Palhinha repartiu as suas actividades, de mais de 50 anos, pela Construção Civil e o desenho técnico, o Ensino, a Arqueologia, a História local, o Associativismo, o Coleccionismo e a Bibliofilia.
A biblioteca que foi constituindo ao longo dos anos contém livros raros sobre o Algarve e as áreas científicas que mais o apaixonavam. Personalidade afável, simples e bondosa, Jaime Palhinha marcou muitos dos que com ele conviveram, trabalharam ou simplesmente necessitaram das suas imprescindíveis informações, sendo mais do que um exemplo para as gerações futuras.
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Tendo nascido em Lagos, aí fez a escola primária e cursou a escola técnica Vitorino Damásio. Mais tarde, foi para Lisboa frequentar a Escola Machado de Castro, onde tirou o curso de Mestre-de-obras e Construção Civil, regressando ainda a esta escola em 1949 para tirar o Curso de Auxiliar de Obras Públicas. Durante os anos que permaneceu na capital, Jaime Palhinha exerceu em simultâneo actividade profissional na firma Amadeu Gaudêncio e chegou a jogar futebol nos juniores do Benfica.
Entre 1950 e 1966, Jaime Palhinha radicou-se no Brasil, que nesse tempo era um rincão de prosperidade e desenvolvimento económico, trabalhando inicialmente como técnico e desenhador-técnico na área da Construção Civil e depois criando a sua própria firma, também na mesma área. Neste país, casou por procuração com Emília Laura Viegas Cardoso, que dois anos depois se lhe irá juntar e aí também nascerão as suas filhas Maria Emília e Maria Helena. Regressado a Portugal, Jaime Palhinha estabeleceu-se de novo em Lagos, onde continuou a trabalhar como desenhador técnico de Construção Civil, por conta própria.
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Em 1972, iniciou a carreira de professor, leccionando a disciplina de Desenho de Construção Civil, na Escola Industrial e Comercial de Lagos, por convite do seu director. O contacto com os alunos e o acto de ensinar torna-se uma verdadeira paixão para Jaime Palhinha, o que o levou a optar em definitivo pela carreira docente. Encontrava-se nesta escola quando se deu a Revolução do 25 de Abril de 1974, acabando assim por fazer parte do seu órgão de gestão, em 1975. Nesta função, se deparou com vários problemas, fruto da época conturbada que então se vivia e que teve reflexos particulares no Ensino, problemas que só a sua enorme coragem e espírito diplomático permitiram resolver, tendo conseguido levar a bom termo todos os desafios que lhe foram surgindo no exercício do seu cargo. Nos anos seguintes, passou pela Escola Preparatória de Montalegre (onde fez a profissionalização em exercício), pela Escola Preparatória de Portimão e pela Escola Preparatória de Mértola (onde se efectivou), permanecendo, no entanto, na Preparatória de Portimão, visto ser membro do seu Conselho Directivo.
Nesta escola, onde granjeou tantas amizades entre alunos, colegas e funcionários, continuará até à aposentação por idade, no ano lectivo de 1994/95. Paralelamente, Jaime Palhinha leccionava a disciplina de «Estudos Portimonenses», na recém formada Academia de Cultura de Portimão (actualmente Instituto de Cultura de Portimão), a título benemérito. Mais tarde seria convidado pela Assembleia da sua antiga escola para integrar aquele órgão de gestão escolar, em representação das associações culturais e ambientais do concelho, cargo que assumiu até à sua morte.
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Foi profícua a ligação do professor Jaime Palhinha ao Associativismo. Em Lagos, no conturbado período de 1974/1975, teve a sua mais importante experiência associativa ao assumir, a 2 de Julho de 1974, a provedoria da Santa Casa da Misericórdia desta cidade. Os tempos eram de agitação e esta instituição ressentia-se com isso. Mais uma vez, Jaime Palhinha, com coragem e diplomacia, conseguiu gerir os problemas que se foram pondo. A 8 de Março de 1975, liderando uma equipa, reabriu o Hospital da Misericórdia desta cidade, que se encontrava encerado há imenso tempo, com graves inconvenientes para a população. Como provedor, manteve-se na instituição até 1978.
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Mais tarde, já em Portimão, foi presidente da direcção do Grupo de Amigos de Portimão (GAP), associação que desenvolveu várias actividades culturais nesta terra. Em entrevista ao jornal barlavento, de 17 de Julho de 1982, referiu-se a uma Associação de Defesa e Investigação do Património Cultural de Portimão, que se encontrava então em formação.Tendo sido um dos pioneiros da ideia de criar, em Portimão, um museu que guardasse a memória local, fez parte da primeira comissão que se formou para o efeito, em 1977, da qual faziam também parte Mário Ferro e João Tavares.
A partir de 1983, foi co-fundador da Comissão Instaladora do Museu Municipal de Portimão, com José Gameiro, Alberto Piscarreta. Ao longo de vários anos, Jaime Palhinha irá trabalhar com afinco na concretização deste seu grande sonho. Desenvolveu então vários trabalhos, nomeadamente estudos, levantamentos e investigações de campo.
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Também concebeu e montou diversas exposições. Com João Velhinho, desenvolvia ultimamente tentativas no sentido da criação do Núcleo Museológico de Vila do Bispo, vila onde pensava depositar o seu imenso espólio museológico, que foi reunindo ao longo dos anos, motivado pelo gosto da recolha e investigação. Deste rico espólio, fazem parte alfaias agrícolas, objectos diversos, moedas, livros, postais e documentos antigos, todos eles com inestimável valor etnográfico e antropológico.
Os contributos de Jaime Palhinha para a História local de Portimão são preciosos. Publicou, em 1974, em co-autoria com Francisco José Carrapiço e José Manuel Brázio, As Muralhas de Portimão: Subsídios para o Estudo da História Local, obra editada pela Câmara Municipal de Portimão. A suas expensas, editou, em 1992, a obra Convento de S. Francisco: Estudo para a sua Recuperação e Reabilitação.
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Em colaboração com Francisco José Carrapiço, tinha em vias de publicação, pela editora Suledita, de Aljezur, o estudo «A Antiga Misericórdia de Portimão: Subsídios para o estudo da História local». Para publicação, estavam ainda trabalhos sobre a Igreja Matriz de Portimão e sobre os Brasões desta cidade. Foram também abundantes as suas colaborações em livros e trabalhos de âmbito académico, em muitas das quais aparece citado.Com a generosidade, a humildade e a carolice desinteressada que deve pautar o verdadeiro investigador, concedeu informações raras; com o espírito de autêntico pesquisador arrancou dos alfarrabistas de todo o país preciosidades bibliográficas raras, as quais recheavam a sua biblioteca. Da sua faceta de arqueólogo amador, resultaram levantamentos e trabalhos de campo, que passava a esboço ou a desenho.
Entre estes estão os levantamentos ao convento de S. Francisco (o seu cavalo de batalha), sobre a antiga paróquia da extinta freguesia da Senhora do Verde, os moinhos de maré do rio Arade e outros. Reconhecendo o enorme valor de todo o trabalho de investigação desenvolvido por Jaime Palhinha, a Câmara de Portimão concedeu-lhe, em 1993, a 11 de Dezembro, dia da cidade, o Diploma de Mérito Municipal e no ano de 1997, também no dia do município, a Medalha de Mérito Municipal, grau prata.
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A atribuição do seu nome à escola onde tantos anos leccionou foi, até agora, a única homenagem prestada pela cidade de Portimão a Jaime Palhinha, desde a sua morte. *professor e ensaísta


2 de Outubro de 2003 09:00José Rosa Sampaio*


poema



O SILÊNCIO
Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
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e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
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quando azuis
irrompem os teus olhos
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e procuram nos meus
navegação segura,
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é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
---
pelo silêncio fascinadas.
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Eugénio de Andrade
(OBSCURO DOMÍNIO)

FOTO

foto de f gregorio






foto de f gregorio

FOTO

foto de João Mariano

Link: http://www.joaomariano.com

Imprensa


IRAQUE


E os civis, quantos?
Newton Carlos


Alguém comentou que a opinião pública americana tem reagido com "rara benevolência" às informações sobre mortes de soldados no Iraque. Mas outubro fechou como o segundo mais sangrento mês de 2005, com 92 tombados, contra 106 em janeiro. Números traumáticos, que podem dar impulso aos movimentos pacifistas e acirrar a oposição à guerra. De surpresa, pela primeira vez o Pentágono deu estimativa de mortos civis iraquianos, por volta de 26 mil. Conhecer o sacrifício de civis, de velhos, mulheres e crianças, tornou-se pergunta insistente.
O "New York Times" lembrou em editorial que no capítulo sobre "alto custo" da guerra as contas continuam em aberto em seu item mais trágico, a matança de não combatentes. "Como vocês sabem, nós não saímos por ai contabilizando cadáveres", ficou sendo a resposta-padrão de Donald Rumsfeld, secretário de Defesa dos Estados Unidos, sempre que algum jornalista tocava no assunto. Mesmo com a cifra afinal liberada pelo Pentágono ainda faltam números definitivos que dêem o tamanho da carnificina. Falou-se até em 100 mil, com base em levantamento de respeitável universidade americana.
Há o depoimento de um enviado de jornal londrino que se instalou numa unidade avançada no começo da guerra. O poderio americano tinha (e continua tendo) uma tal carga destrutiva, e havia informações suficientes sobre a fragilidade militar do Iraque, que a expectativa era de ataques gradativos, com emprego controlado de força, para poupar civis. Mas o que houve, registrou o jornalista, surpreso e escandalizado, foi um "show" de bombardeios mortíferos, quase sem respostas por parte dos iraquianos. A carnificina tornou-se inevitável.
O ex-presidente Carter já havia chamado atenção para o barbarismo que significaria jogar bombas e foguetes de última geração em cima de um país praticamente desarmado. O canal um da rede pública de TV da Alemanha, a "Ard", colocou no ar dois vídeos mostrando execuções de iraquianos feridos, já fora de combate. Há imagens a respeito, com data de primeiro de dezembro de 2003, captadas de um helicóptero do Exército dos Estados Unidos. Num segundo vídeo, de abril de 2003, um pelotão de "marines" mata um iraquiano claramente ferido e de modo grave, sem ter como defender-se.
Panorama, nome do programa que fez a denúncia de crimes de guerra no Iraque, entrevistou um general americano, Robert G. Gard, que hoje trabalha na Fundação dos Veteranos do Vietnã. Gard definiu as imagens como "homicídios indesculpáveis". Um professor de direito internacional de Hamburgo, Stefan Oerter, disse que se trata de "graves crimes de guerra". O apresentador observou que, no mínimo, tribunais internacionais deveriam investigar. O Pentágono não tem mais como não tocar no assunto. Mas se omite num ponto crucial. Quantos foram mortos pelos americanos? .
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Carlos é jornalista especializado em política internacional.