Friday, May 26, 2006




Veja este pequeno cartoon sobre a "liberdade" do Iraque:


www.barabanow.com/iraqfree.html

HUMBERTO DELGADO - CEM ANOS DEPOIS
A CORAGEM DE ROMPER OS CAMINHOS DA LIBERDADE
No centenário do nascimento de Humberto Delgado, a 15 de Maio de 1906, no Boquilobo (Torres Novas), o BE presta tributo à memória deste homem que, com coragem e determinação, soube romper os caminhos da liberdade.
A campanha eleitoral de 1958, cujas eleições ganhou mas que de que foi espoliado, foi um momento alto de combate à ditadura. Daí até ao seu assassinato pela PIDE, em 1965, Humberto Delgado conheceu exílios sucessivos, revoltas fracassadas, dificuldades enormes, traições -- mas nunca abandonou a sua vida de combate ao regime fascista.
Personalidade complexa e difícil, de Humberto Delgado a História registará o essencial: morreu a combater pela Liberdade e pela Democracia de Portugal. E isso é inapagável.
Ler mais em
http://www.humbertodelgado.pt/WebFHD/index.jsp

Monday, May 15, 2006









Clicando no LINK seguinte, terás acesso a uma BD de denúncia politica de Joe Sacco

http://image.guardian.co.uk/sys-files/Guardian/documents/2006/01/20/fullsacco1.pdf

Wednesday, May 10, 2006


NO IRAQUE, PROCURANDO AS ARMAS DE DESTRUIÇÃO EM MASSA!!
O governo francês quis dar total liberdade aos patrões de despedirem sem justificação qualquer
jovem empregado há menos de dois anos.
Três meses de manifestações, greves e protestos,derrubaram as intenções de governantes e patrões.
Esta vitória mostra que vale a pena lutar contra a lei da selva e a destruição dos direitos sociais.



OS JOVENS VENCERAM EM FRANÇA.PODEM VENCER NA EUROPA!



p a r t i c i p a !



Pela primeira vez em Portugal, o Bloco organiza uma marcha pelo emprego: vamos percorrer o país com combatividade, imaginação e força.


Em cada dia, um trajecto de encontros que junta populações em debate e festa, programa cultural e convívio. Em cada dia, o Bloco apresenta uma proposta concreta para combater o desemprego e conquistar novos direitos. A marcha do Bloco é também uma marcha
de desempregadas e precários, imigrantes e estagiárias, estudantes e trabalhadoras e trabalhadores-estudantes.

Para participares, contacta o Bloco ou preenche a ficha de inscrição que vais encontrar no sitio do Bloco http://www.bloco.org email: benacional@netcabo.pt

FAZ-TE OUVIR!

Saturday, May 06, 2006

A Estratégia dos EUA para o Médio Oriente!!



O Bloco e a política do governo face à escalada militarista contra o Irão



"Precisamos de saber, no actual cenário de escalada militarista, qual será a voz e a palavra do Governo Português: se a do Prof. Freitas do Amaral que se bateu pela paz e pela decência há três anos atrás, ou a do Prof. Freitas do Amaral, nas suas declarações rendidas à pressão norte-americana, tal como as proferiu a semana passada." Afirmou a deputada Ana Drago na abertura do debate de urgência, requerido pelo Grupo Parlamentar do Bloco, sobre "A tensão internacional suscitada pelo programa nuclear do Irão".
Intervenção de Ana Drago “Os EUA podem ter ambição desmedida de querer mandar nos seus aliados; estes é que devem ter a coragem e a espinha dorsal suficientes para não se sujeitarem a ser mandados. Infelizmente, a época actual conjuga uma América muito forte, mas errada nas suas opções internacionais, com uma Europa muito fraca, que apenas esboça tímidas críticas mas não é capaz de dizer «não» quando chega a hora da verdade. É assim que se começa, normalmente, a descer o plano inclinado da conciliação ao seguidismo, deste ao servilismo, e deste último à servidão.”
Estas palavras não são da minha autoria. Foram ditas e escritas pelo actual ministro dos Negócios Estrangeiros, professor Freitas do Amaral. Foram ditas e escritas em finais de 2002, a propósito da intervenção no Iraque, vergonhosamente apoiada por Portugal. Mais de três anos depois, com uma espiral de ameaças entre a ditadura iraniana e a extrema-direita americana, queremos chegar ao fim deste debate a saber com quem estamos a falar: com o político corajoso que se atreveu a resistir à loucura bélica, ou com um responsável político que está disponível para ser complacente com mais esta ofensiva. É que, ao contrário do que seria de esperar, três anos depois da intervenção criminosa e desastrosa sobre o Iraque, a história parece querer repetir-se.
Os mesmos protagonistas, os mesmos argumentos, o mesmo guião com que se encenou a invasão do Iraque há três anos. O vice-presidente norte-americano discursa sobre a ameaça aos EUA vinda de um país rico em petróleo no Médio Oriente; a secretária de Estado diz ao Congresso que esse país é o maior desafio global aos EUA; o secretário da Defesa acusa-o de ser o principal apoio do terrorismo; o presidente aponta esse Estado como autor de ataques a tropas norte-americanas no Iraque; e o embaixador norte-americano na ONU, não se faz rogado e afirma, audaz, que “a ameaça é um novo 11 de Setembro, desta vez com armas nucleares”.
Note-se que qualquer semelhança é mais do que coincidência. O argumentário da nova cruzada em preparação é, tal como no passado, simples e de senso comum: Não podemos permitir que um país marcado pela institucionalização de um regime autoritário, desrespeitador dos direitos humanos e descrente da democracia venha a dispor de armamento nuclear.
É um argumento válido, e merece a nossa reflexão. Mas tropeça nas evidências do mundo: infelizmente, neste domínio, o Irão não está sozinho. Pelo contrário. Coreia do Norte, China, Paquistão – todos estes países estão um passo à frente – já têm armamento nuclear: E não são, concordaremos certamente, merecedores da designação de democracias. Ora, é a estranheza de ver George W. Bush receber na Casa Branca o General Pervez Musharraf, ditador do Paquistão, ao mesmo tempo que arruma o Irão no já famoso eixo do mal – é esta estranheza, a estranheza da duplicidade da administração americana que deve guiar a nossa reflexão sobre a escala belicista em torno do Irão. E são várias as inquietações, as estranhezas deste debate:
A primeira inquietação é perceber o Tratado Não-Proliferação deà Armas Nucleares prevê, permite, e quase incentiva os Estados sem armamento nuclear a desenvolver programas nucleares civis. Diz o Tratado, no seu artigo 4º: “Nada neste Tratado deve ser interpretado como afectando o direito inalienável de todos os seus subscritores a desenvolver pesquisa, produção e uso de energia nuclear para fins pacíficos”. Daqui se conclui que o Tratado prevê, e autoriza a pôr em prática o processo de enriquecimento de urânio, nos exactos termos que têm sido apontados ao Irão.
Ao ignorar as próprias regras do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, o Conselho de Segurança das Nações Unidas – ironicamente constituído exclusivamente por potências nucleares – fere de morte um instrumento já de si tão debilitado, pela sua não subscrição por potências atómicas como Israel, a Índia e o Paquistão.
A segundaà inquietação surge-nos quando de vermos repetida a lógica kafkiana das inspecções da Agência Internacional de Energia Atómica. Se o que se sabe não serve de prova, exige-se a prova do que não se sabe. O Irão deve provar que não tem um programa militar atómico oculto. O direito internacional não pode ser uma charada absurda, de inversão do ónus da prova. E depois de três anos de fiscalizações intensivas, é a própria AIEA quem assegura que não há no Irão recursos ou materiais nucleares declarados que tenham sido usados no desenvolvimento de um programa de armamento nuclear.
Ora, uma vez que não há prova tangível, a acusação trabalha no domínio das intenções. Aqui está o argumento contra o Irão: a intenção de num futuro próximo, usando os exactos processos que o Tratado permite, o Irão venha a fazer o que o Tratado proíbe.
A terceira inquietação é aquela que nos faz perguntar até que ponto asà ameaças explícitas da Administração norte-americana nos últimos três anos ao regime iraniano acicataram o apetite do Irão por armamento nuclear.
Inscrito no Eixo do Mal por George W. Bush em 2003, o Irão pode ter chegado à conclusão, a que muitos outros já chegaram, que a bomba nuclear é hoje a melhor garantia, a melhor protecção contra os apetites imperiais da administração fundamentalista que lidera os EUA.
É o pior cenário possível para todos os que se têm batido pela paz e por um processo real de desarmamento nuclear multilateral.
E porque essa deve ser a nossa escolha, a nossa luta na comunidade internacional, há momentos em que ressoam as palavras: «Conviria que os europeus relessem a História, recordassem os seus valores fundamentais, e fizessem da Europa unida um pólo de civilização exemplar, capaz de enfrentar e resistir aos riscos do radicalismo que hoje domina a política externa e de segurança nacional norte-americana». Há três anos atrás, o actual Ministro dos Negócios estrangeiros escrevia assim, exactamente com estas palavras, quando era uma das vozes corajosas a erguer-se contra a intervenção norte-americana no Iraque. Hoje, maravilhemo-nos com as extraordinárias capacidades de reciclagem que uma pertença ao governo pode operar. Numa situação tão semelhante com a que lançou a ofensiva criminosa sobre o Iraque, o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros faz marcha atrás e afirma, taxativo: não se pode descartar a possibilidade de uma intervenção militar sobre o Irão. É o pior que se pode dizer na actual situação, e aponta o caminho do desastre.
Como diz Shirin Ebadi, Nobel da Paz iraniana, “a possibilidade de um ataque militar estrangeiro representa um desastre total para a causa dos defensores dos direitos humanos no Irão”. Shirin Ebadi sabe que a democracia não cai de bombardeiros, nem emerge da penúria. E avisa que todo este processo, esta escalada de ameaças, fortalece o regime iraniano e a sua ala mais conservadora. Como demonstrou, aliás, Nelson Mandela ao desmantelar o arsenal atómico do apartheid, só a democracia pode ser eficaz contra o risco nuclear.
As eventuais intenções armamentistas do regime iraniano só podem ser evitadas pela combinação da mobilização dos sectores democráticos da sociedade iraniana com um plano de desnuclearização do Médio Oriente que rompa o tabu do arsenal atómico de Israel.
Não é tarefa fácil, mas desengane-se quem pensa que há caminhos fáceis ou atalhos feitos de guerra na construção de uma comunidade internacional regida pelo primado da lei, e orientada para a promoção da paz e da democracia. E é por estas exactas razões, porque a promoção da paz e da democracia exige trabalho, luta e coragem, precisamos de saber hoje com o que contamos.
Precisamos de saber, no actual cenário de escalada militarista, qual será a voz e a palavra do Governo Português: se a do Prof. Freitas do Amaral que se bateu pela paz e pela decência há três anos atrás, ou a do Prof. Freitas do Amaral, nas suas declarações rendidas à pressão norte-americana, tal como as proferiu a semana passada.
É isso que os portugueses merecem saber.
É isso que o mundo de hoje nos exige.

Friday, May 05, 2006

Thank you, Mr. Bush


Frei Betto



Há malas que vêm de trem… versão mineira do aforismo ‘há males que vêm para o bem’. Um deles é a política imperialista do governo de George W. Bush. O mundo sofre vítima de seus caprichos, desde a recusa de assinar o Protocolo de Kyoto à invasão do Iraque. Tal qual ocorria nos tempos em que governavam o Império Romano tiranos sanguinários como Calígula e Nero.
Já que, em 1991, o Bush pai fracassou na invasão do Iraque, em 2003 o Bush filho faz questão de bancar o garotão que chama no braço o vizinho que teve desavença com seu pai. Há pouco, seis generais dos EUA vieram a público manifestar que a ocupação do Iraque é um beco sem saída, e Donald Rumsfeld, secretário da Defesa, um irresponsável. A única saída, aliás, é a que os EUA conheceram no Vietnã: a derrota vergonhosa, após anos de destruição e mortes.
Devido a essa incontida sanha criminosa de Bush, os eleitores, mundo afora, criam vergonha na cara. Na Itália, acabam de dar um chute no traseiro de Berlusconi. O riquinho mimado fez beicinho e bateu o pé: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira.” Eis novamente comprovada a minha tese de que nada seduz mais o ser humano que o poder. Muito rico, dono do maior sistema de mídia da Itália, que envolve de emissoras de TV a grandes editoras, Berlusconi teimou em não largar o osso do poder. Em vão, pois a vontade das urnas falou mais forte.Romano Prodi, líder da coligação de centro-esquerda, é o vitorioso.
Bush, que só é democrata quando o seu candidato vence, como o demonstra a vitória do Hamas na Palestina, está tão decepcionado com os italianos quanto por ocasião da vitória de Zapatero na Espanha, pois sabe que perdeu mais um aliado e, em breve, a Itália trará de volta para casa as suas tropas que se encontram no Iraque. Na Europa Ocidental, restará à Casa Branca o apoio solitário de Tony Blair que, invertendo a história, faz do Reino Unido uma neocolônia dos EUA.Pesquisa recente do jornal USA Today e do Instituto Gallup revelou que metade dos estadunidenses prefere que seu governo respeite a autodeterminação dos povos e se concentre em seus negócios internos. Há três anos, apenas 1/3 dos pesquisados tinha essa opinião. E 64% são a favor do retorno das tropas acantonadas no Iraque. Na América Latina, Bush também presta inestimável serviço a favor do fortalecimento de nossas democracias. O eleitorado latino-americano rechaça as velhas oligarquias políticas, subservientes à Casa Branca, como foi o caso de FHC, cujo ministro das Relações Exteriores tirava os sapatos toda vez que punha os pés à porta de Tio Sam.
O ministro Celso Amorim, atual chanceler brasileiro, se nega a fazer o mesmo, pois o governo Lula, ao recusar a ALCA e exigir da OMC que puna os EUA pelos subsídios ilegais à indústria algodoeira, resgata a nossa soberania.Lula, Chávez, Kirchner, Tabaré, Morales, René Preval e Michelet são sintomas de melhores tempos e maior democracia na América Latina. E isso numa conjuntura desfavorável a que se aplique de novo ao continente o purgante que a Casa Branca, em nome da democracia, nos enfiou goela abaixo no passado: ditaduras civis e militares nos anos 40 e 50 (Stroessner, no Paraguai; Duvalier, no Haiti; Somoza, na Nicarágua; Pérez Jiménez, na Venezuela; Batista, em Cuba etc.) e nos anos 60 e 70 (Brasil, Argentina, Uruguai, Chile etc.).
Hoje, os oligarcas já não têm força para dar golpes, como se comprovou recentemente na Venezuela, e os generais golpistas estão de barbas de molho, como no Brasil, ou no banco dos réus, como no Uruguai, na Argentina e no Chile. Os EUA encontram-se demasiadamente atolados no Iraque, no Afeganistão e, agora, no Irã, para pensarem em desembarcar seus marines em nossas plagas.Nos próximos meses, outras eleições canalizarão, segundo as pesquisas, expressiva quantidade de votos a candidatos presidenciais progressistas, como Humala, no Peru; Obrador, no México; Daniel Ortega, na Nicarágua. Para que tal avanço seja assegurado, é fundamental a reeleição de Lula, pois o Brasil joga um papel estratégico no continente, servindo de anteparo às agressões da Casa Branca à Venezuela e de advogado de defesa da reintegração de Cuba aos organismos multilaterais. O retorno dos tucanos seria brindado no Salão Oval com litros e litros de Coca-Cola, já que Bush é oficialmente abstêmio.
Não há que criar ilusões. A direita ainda tem muita força. Dispõe de dinheiro, mídia e capacidade de induzir as pessoas a trocar a liberdade pela segurança, sob a égide do medo. Contudo, o eleitor, que tanto almeja mudanças, está apostando que também é possível alcançá-las pela via pacífica e democrática. Resta saber se a águia do Norte haverá de conter suas garras e respeitar a autodeterminação de nossos países latino-americanos.Obrigado, Mr. Bush. O feitiço, mais uma vez, vira-se contra o feiticeiro.

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Leonardo Boff, de "Mística e Espiritualidade" (Rocco), entre outros livros.