Tuesday, November 22, 2005

Noticias da América Latina e do Caribe


América Latina, líder em desmatamento




- A superfície florestal mundial reduz-se a cada ano em cerca de 13 milhões de hectares por causa do desflorestamento embora o ritmo de perda esteja diminuindo graças às plantações e a expansão natural dos bosques, segundo anunciou o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação (FAO). A perda anual de superfície florestal, entre 2000 e 2005, foi de 7,3 milhões de hectares anuais - uma área equivalente a Serra Leoa ou ao Panamá - frente a uma estimativa de 8,9 milhões de hectares entre 1990 e 2000. Esses números equivalem a 0,18% do desflorestamento da superfície mundial a cada ano.
Estes dados aparecem no documento Avaliação dos Recursos Florestais Mundiais 2005 (FRA 2005), o estudo mais completo já realizado até a data sobre o patrimônio florestal mundial, seu uso e valorização, cobrindo um total de 229 países e territórios entre 1990 e 2005. "Esta avaliação nos permite perceber o importante papel dos recursos florestais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, em particular os que se referem à redução da pobreza e a sustentabilidade do meio ambiente", assegurou Hosny El Lakany, sub-diretor geral do Departamento Florestal da FAO.

Os bosques cobrem, hoje em dia, cerca de 4 bilhões hectares, o equivalente a 30% da superfície terrestre. Existem 10 países que concentram dois terços deste patrimônio florestal: Austrália, Brasil, Canadá, China, República Democrática do Congo, Índia, Indonésia, Peru, Federação Russa e Estados Unidos. A América do Sul sofreu a mais importante perda de bosques entre 2000 e 2005: cerca de 4,3 milhões de hectares ao ano, seguida pela África com 4 milhões por ano.

Oceania e América do Norte e Central perderam cada uma cerca de 350 mil ha, enquanto a Ásia passou de perdas de 800 mil ha anuais na década de 90 a um ganho de um milhão de hectares ao ano entre 2000-2005, graças sobretudo aos programas de reflorestamento de grande escala realizados na China. As superfícies florestais na Europa continuaram sua expansão, apesar de em um ritmo menor que nos anos 90.

Os bosques primários, que são superfícies florestais sem sinais visíveis da presença humana passada ou presente, e representam 36% do total de bosques, estão sendo destruídos ou modificados a um ritmo de 6 milhões de hectares anuais, devido ao desflorestamento ou a poda seletiva. O informe FRA 2005 também indica que aumentam os reflorestamentos em ritmo crescente, mas que as plantações não são nem sequer 5% do total da superfície florestal mundial.

Os bosques têm múltiplas funções, incluídas a conservação da diversidade biológica, do solo e os recursos hídricos, o abastecimento de madeira e de outros produtos não florestais, além de servir como áreas de diversão e absorção de carbono. Enquanto a maior parte dos bosques destina-se a usos múltiplos, o informe FRA 2005 diz que 11% da superfície mundial está reservada para a conservação da biodiversidade e que esta superfície aumentou em cerca de 96 milhões de hectares desde 1990.

Cerca de 348 milhões hectares de bosques se destinam à conservação do solo e aos recursos hídricos, para fazer frente aos riscos de avalanches ou a desertificação, fixar dunas de areia ou proteger as áreas costeiras. Um terço dos bosques do mundo são utilizados principalmente para a produção de madeira, pasta de papel e produtos não florestais, e mais da metade incluem este tipo de produção entre seus planos de gestão o que indica a importância da produção florestal a nível local, nacional e internacional.

Os bosques têm também grande importância como absorvedores de carbono: a quantidade de carbono lançado na biomassa florestal é de 283 gigatoneladas (Gt) de carbono, apesar de ter chegado, em nível mundial, em 1,1 Gt anuais entre 1990 e 2005. O carbono lançado na biomassa, a madeira morta, os dejetos e o solo, são aproximadamente 50% mais que a quantidade lançada na atmosfera.

Os dados contidos no FRA 2005 foram entregues à FAO pelos governos nacionais e por especialistas na avaliação de recursos, com mais de 800 pessoas envolvidas no processo, com 172 equipes de avaliação nacional, segundo Mette Løyche Wilkie, que coordenou a realização. "O resultado desta colaboração em nível mundial é uma melhor informação, um processo de avaliação mais transparente e a melhor capacidade de analisar e informar sobre os bosques e seus recursos", explicou."Os dados contidos no FRA 2005 ajudarão na tomada de decisões nas políticas e programas florestais e na realização de estudos sobre bosques e desenvolvimento sustentável em todos os níveis: local, nacional e internacional", acrescentou Wilkie.

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