Newton Carlos
Alguém comentou que a opinião pública americana tem reagido com "rara benevolência" às informações sobre mortes de soldados no Iraque. Mas outubro fechou como o segundo mais sangrento mês de 2005, com 92 tombados, contra 106 em janeiro. Números traumáticos, que podem dar impulso aos movimentos pacifistas e acirrar a oposição à guerra. De surpresa, pela primeira vez o Pentágono deu estimativa de mortos civis iraquianos, por volta de 26 mil. Conhecer o sacrifício de civis, de velhos, mulheres e crianças, tornou-se pergunta insistente.
O "New York Times" lembrou em editorial que no capítulo sobre "alto custo" da guerra as contas continuam em aberto em seu item mais trágico, a matança de não combatentes. "Como vocês sabem, nós não saímos por ai contabilizando cadáveres", ficou sendo a resposta-padrão de Donald Rumsfeld, secretário de Defesa dos Estados Unidos, sempre que algum jornalista tocava no assunto. Mesmo com a cifra afinal liberada pelo Pentágono ainda faltam números definitivos que dêem o tamanho da carnificina. Falou-se até em 100 mil, com base em levantamento de respeitável universidade americana.
Há o depoimento de um enviado de jornal londrino que se instalou numa unidade avançada no começo da guerra. O poderio americano tinha (e continua tendo) uma tal carga destrutiva, e havia informações suficientes sobre a fragilidade militar do Iraque, que a expectativa era de ataques gradativos, com emprego controlado de força, para poupar civis. Mas o que houve, registrou o jornalista, surpreso e escandalizado, foi um "show" de bombardeios mortíferos, quase sem respostas por parte dos iraquianos. A carnificina tornou-se inevitável.
O ex-presidente Carter já havia chamado atenção para o barbarismo que significaria jogar bombas e foguetes de última geração em cima de um país praticamente desarmado. O canal um da rede pública de TV da Alemanha, a "Ard", colocou no ar dois vídeos mostrando execuções de iraquianos feridos, já fora de combate. Há imagens a respeito, com data de primeiro de dezembro de 2003, captadas de um helicóptero do Exército dos Estados Unidos. Num segundo vídeo, de abril de 2003, um pelotão de "marines" mata um iraquiano claramente ferido e de modo grave, sem ter como defender-se.
Panorama, nome do programa que fez a denúncia de crimes de guerra no Iraque, entrevistou um general americano, Robert G. Gard, que hoje trabalha na Fundação dos Veteranos do Vietnã. Gard definiu as imagens como "homicídios indesculpáveis". Um professor de direito internacional de Hamburgo, Stefan Oerter, disse que se trata de "graves crimes de guerra". O apresentador observou que, no mínimo, tribunais internacionais deveriam investigar. O Pentágono não tem mais como não tocar no assunto. Mas se omite num ponto crucial. Quantos foram mortos pelos americanos? .
O "New York Times" lembrou em editorial que no capítulo sobre "alto custo" da guerra as contas continuam em aberto em seu item mais trágico, a matança de não combatentes. "Como vocês sabem, nós não saímos por ai contabilizando cadáveres", ficou sendo a resposta-padrão de Donald Rumsfeld, secretário de Defesa dos Estados Unidos, sempre que algum jornalista tocava no assunto. Mesmo com a cifra afinal liberada pelo Pentágono ainda faltam números definitivos que dêem o tamanho da carnificina. Falou-se até em 100 mil, com base em levantamento de respeitável universidade americana.
Há o depoimento de um enviado de jornal londrino que se instalou numa unidade avançada no começo da guerra. O poderio americano tinha (e continua tendo) uma tal carga destrutiva, e havia informações suficientes sobre a fragilidade militar do Iraque, que a expectativa era de ataques gradativos, com emprego controlado de força, para poupar civis. Mas o que houve, registrou o jornalista, surpreso e escandalizado, foi um "show" de bombardeios mortíferos, quase sem respostas por parte dos iraquianos. A carnificina tornou-se inevitável.
O ex-presidente Carter já havia chamado atenção para o barbarismo que significaria jogar bombas e foguetes de última geração em cima de um país praticamente desarmado. O canal um da rede pública de TV da Alemanha, a "Ard", colocou no ar dois vídeos mostrando execuções de iraquianos feridos, já fora de combate. Há imagens a respeito, com data de primeiro de dezembro de 2003, captadas de um helicóptero do Exército dos Estados Unidos. Num segundo vídeo, de abril de 2003, um pelotão de "marines" mata um iraquiano claramente ferido e de modo grave, sem ter como defender-se.
Panorama, nome do programa que fez a denúncia de crimes de guerra no Iraque, entrevistou um general americano, Robert G. Gard, que hoje trabalha na Fundação dos Veteranos do Vietnã. Gard definiu as imagens como "homicídios indesculpáveis". Um professor de direito internacional de Hamburgo, Stefan Oerter, disse que se trata de "graves crimes de guerra". O apresentador observou que, no mínimo, tribunais internacionais deveriam investigar. O Pentágono não tem mais como não tocar no assunto. Mas se omite num ponto crucial. Quantos foram mortos pelos americanos? .
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Carlos é jornalista especializado em política internacional.
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