Saturday, December 17, 2005

Crise...qual crise...!?



O luxo e a miséria

A Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA) revelou na semana passada que, apesar de as vendas globais de automóveis continuarem em contínua queda em Portugal, as marcas de luxo e as Premium têm visto as vendas crescer.
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A Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA) revelou na semana passada que, apesar de as vendas globais de automóveis continuarem em contínua queda em Portugal, as marcas de luxo e as Premium têm visto as vendas crescer. Entre as marcas de luxo contam-se a Ferrari, a Bentley, a Porsche ou a Maserati. Mas marcas Premium integram-se a Mercedes, a Audi e a BMW.
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Ou seja: a maioria dos portugueses não tem dinheiro para comprar um carrito barato e por isso as vendas dos automóveis normais baixam, num contexto de crise económica, alta do Imposto Automóvel e do preço dos combustíveis.
Mas há neste país uma imensa minoria cada vez mais endinheirada, que compra automóveis de luxo ou marcas topo de gama, gastando num automóvel aquilo que a maioria das famílias não ganha em 10 anos.
Não vou fazer juízos de valor demagógicos, mas não posso deixar de pensar que é curioso este nosso país. A crise económica está aí, há cada vez mais empresas a falir, a despedir trabalhadores, a deslocalizar-se (como agora é moda dizer) para países onde a mão de obra é mais barata. Mas, como sempre acontece nas crises, há muita gente – a tal imensa minoria – que tem cada vez mais dinheiro e não tem qualquer receio de o ostentar.
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Apesar de tudo, ainda muito nos separa daqueles países ditos de Terceiro Mundo, como Angola, onde a esmagadora maioria da população vive na mais abjecta miséria, mas onde meia dúzia de pessoas enriquecidas sabe-se lá como se passeiam nas ruas pejadas de lixo em autênticas bombas automóveis.
Em Portugal, apesar de tudo, estamos muito longe disso.Mas só espero que esses que por cá compram os Ferraris e os Porsches não sejam os mesmos que deixam as suas empresas ir à falência, que despedem trabalhadores ou que não lhes pagam meses a fio de salário… É que isso era o que acontecia na década de 80, no Vale do Ave, entre os empresários de vão de escada que aproveitavam a maré de vacas gordas dos têxteis. E agora, como é?
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15 de Dezembro de 2005 17:48elisabete rodrigues In: Barlavento

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