Wednesday, October 12, 2005

IMIGRAÇÃO

UE/Imigração: Eurodeputado Miguel Portas em Melilla para defender ilegais
10 October 2005

Agência Lusa - Serviço África / Portuguese



Lisboa, 10 Out (Lusa) - A Europa não pode continuar a entregar pessoas a Estados que não cumprem os direitos humanos e que, na melhor das hipóteses, as tratam como gado, defendeu hoje o eurodeputado Miguel Portas, durante uma visita a Melilla.
Miguel Portas integrou um grupo de eurodeputados do Grupo Parlamentar da Esquerda Unitária que se deslocou hoje a Melilla para analisar a situação dos imigrantes ilegais e visitar campos de refugiados.
A delegação integra, além do eurodeputado do Bloco de Esquerda, Sylvia Yvonne Kaufmann, vice-presidente do Parlamento Europeu, e Luísa Morgantini, presidente da Comissão para o Desenvolvimento.
"A Europa fechou completamente a porta à imigração e contrata com os governos que não respeitam os direitos humanos o papel de polícia", acusou o eurodeputado português, sublinhando que a situação é "inadmissível".
Os Médicos Sem Fronteiras denunciaram publicamente sexta-feira o abandono no deserto do Saara Ocidental de centenas de imigrantes ilegais, que nos últimos dias tinham tentado saltar a dupla cerca que separa Marrocos da cidade autónoma espanhola de Melilla.
Os imigrantes queixaram-se à organização humanitária de maus- tratos nos últimos dias por parte das forças de segurança marroquinas.
Entretanto, em Bruxelas, a Comissão Europeia pediu que a repatriação de imigrantes ilegais a partir de Marrocos respeite os princípios da "proporcionalidade" e da "dignidade humana".
"A Europa está a fazer o papel de Pôncio Pilatos e a lavar as mãos, enquanto protesta", afirmou Miguel Portas, referindo-se à forma como os imigrantes ilegais estão a ser tratados por Marrocos.
Em relação a Melilla, Miguel Portas disse que hoje a "situação está calma" e que as autoridades espanholas estão a levantar uma terceira barreira.
"Tem toda a configuração do muro da Palestina nos locais onde este não é em betão", afirmou Miguel Portas, especificando que a terceira barreira está a ser construída em arame de concertina com bicos duplos de três em três milímetros.
"O trabalho sujo fica para os Estados que não cumprem os direitos humanos e a Europa vai construindo muros", sublinhou o eurodeputado, acrescentando que espera levar ainda esta semana o assunto da imigração ilegal ao Parlamento Europeu.
Nas últimas semanas, milhares de imigrantes ilegais tentaram passar a fronteira entre Marrocos e o enclave espanhol de Melilla, Situações idênticas têm sido registadas em Ceuta.
A imigração clandestina constitui uma das principais preocupações dos países europeus, confrontados com um afluxo maciço de imigrantes oriundos da África subsaariana e do Magrebe, que procuram melhores condições de vida.
Entre os países a norte do Mediterrâneo, Espanha e Itália são os mais afectados pela imigração ilegal devido ao acesso relativamente fácil, quer pelo estreito de Gibraltar quer através da Sicília.
Com a Europa a um "passo", os emigrantes africanos arriscam tudo e muitos morrem durante a travessia do Mediterrâneo, a maior parte das vezes feita em embarcações sobrelotadas ou sem quaisquer condições, como é o caso de barcos insufláveis.
Por outro lado, os países do Magrebe, além de países de origem, servem de placa giratória à emigração clandestina, principalmente Marrocos, para onde viajavam milhares de pessoas oriundas da África subsaariana, com destino à Europa.


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