Thursday, October 27, 2005

E AGORA,...O QUE FAZER...

Artigo publicado no:
Elogio da tolerância




Curto prazo e longo prazo são expressões correlatas. O longo prazo é o termo de uma sucessão de curtos prazos. Por isso, o objetivo de longo prazo desdobra-se necessariamente em uma seqüência de objetivos de curto prazo.
A fixação desses objetivos de curto prazo depende das várias conjunturas que se formam ao longo do tempo. Elas apresentam invariavelmente fatores favoráveis e fatores contrários à consecução do objetivo de longo prazo. É preciso, portanto, analisar esses fatores e escolher, entre muitas ações possíveis, aquela que permite superar os fatores desfavoráveis e aproveitar os favoráveis. O erro ou o acerto das escolhas feitas em cada conjuntura determina a possibilidade ou não de atingir o objetivo de longo prazo.
Em algumas conjunturas não há maior dificuldade em ver com clareza o obstáculo conjuntural e, portanto, em fixar o objetivo de curto prazo. Em outras, não.
A atual conjuntura é uma dessas conjunturas difíceis para os socialistas. Não há, no panorama político brasileiro de hoje, uma opção de curto prazo que se mostre claramente superior às demais em termos de acumulação de forças para a consecução do objetivo de longo prazo de suas ações: a implantação de um regime socialista no Brasil.
A traumática defecção do PT do campo socialista gerou várias opções de ação: há os que entendem ser necessário lutar ainda dentro do PT; há os que acreditam na necessidade de criar um partido socialista novo, a fim de participar do processo eleitoral já em 2006; há os que preferem montar um partido não eleitoral voltado exclusivamente à organização da pressão de massas e ao trabalho de conscientização do povo; há os que preferem não criar imediatamente partido algum e, sim, estabelecer uma rede de núcleos socialistas autônomos, dedicados ao trabalho de base.
Todas essas opções não passam de apostas cuja probabilidade de acerto não se tem condições de demonstrar cabalmente hoje. Só o futuro poderá desvendar qual delas foi a mais correta ou mesmo que o melhor, para a consecução do objetivo final, fosse a combinação de todas elas.
Por isso, em vez de competições, rivalidades, anátemas e objurgatórias entre companheiros de luta, o correto, neste momento, é o diálogo e a colaboração entre os defensores de cada uma dessas avaliações. A hora é de pensar grande e agir com tolerância e generosidade.

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