Monday, October 02, 2006

Lemos ouvimos e vemos...



“Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar” escreveu Sophia de Mello Breyner Andresen num poema magistral, magistralmente cantado por Francisco Fanhais.

… não podemos ignorar o que diariamente chega ao nosso conhecimento sobre a carnificina que se está a passar no Iraque. Raro é o dia que os noticiários da manhã não abrem a relatar mais um atentado com mais dezenas de mortos e de feridos. O pior é que esta situação está a tornar-se numa rotina e, quase tida como uma inevitabilidade.
A novidade, surgida há cerca de dez dias, é que a tortura atingiu um tal grau de brutalidade que, muitas pessoas, a consideram pior do que a existente nos tempos de Saddam Hussein” como refere um responsável pelo gabinete dos direitos humanos da missão de assistência da ONU no Iraque. A situação é mesmo vista “fora de controlo”.
Os abusos são cometidos, tanto pelos grupos que se opõem à presença dos EUA no Iraque como pelas forças de segurança controladas pelos americanos ou, ainda, por milícias privadas, tidas como as mais violentas.
É este mais um dos resultados da intervenção americana no Iraque, onde iria descobrir as armas de destruição maciça e instaurar a democracia. Não só não havia as tais armas, como eles antecipadamente sabiam, como não há democracia, como – pior que tudo – se criou, na região, um alfobre de terroristas que ninguém sabe quando nem de que modo irá ser dominado.

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… não podemos ignorar as provas que, constantemente nos chegam da farsa que é o regime político actualmente domina o mundo.
Depois de pertencer ao “eixo do mal” e de ser acusado de dar guarida ao terrorismo internacional, Kadhafi transformou-se, por golpe de mágica, no mais puro dos governantes. Já não lhe chamam ditador, não o acusam de prisões arbitrárias nem de perseguir os adversários políticos. Ele soube-se adaptar aos tempos que correm e aconchegar-se aos amigos certos que o receberam, de braços abertos. Foi mais realista do que Saddam…
Agora, são os amigos do Compromisso Portugal que, numa comitiva de 30 pessoas, se vão deslocar à Líbia para um beija-mão ao “Presidente Kadafi”.


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… não podemos ignorar o facto, talvez único em Portugal, de haver um concelho que já é auto-suficiente em termos de energia eléctrica, com base na chamada energia limpa. Trata-se de Sobral de Monte Agraço, o mais pequeno município do distrito de Lisboa, com 10000 habitantes, que tem, instalados, 16 moinhos eólicos cuja capacidade de produção é de cerca de 24 megawatts de energia, por ano, superior, aliás, ao consumo do próprio concelho. É uma situação que se saúda e só é pena que não se multiplique muito rapidamente. A divulgação deste caso seria muito conveniente,

Luís Moleiro - Aderente do BE

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