
Alentejanos de Jaen
De Espanha não chegam apenas malas carregadas de euros para comprar terras.
Alberto Matos – Crónica semanal na Rádio Pax – 31/10/2006
Núcleo do Bloco de Esquerda PORTIMÃO
A Imoralidade da Moral
A discórdia é sermos obrigados a estar em harmonia com os outros. A nossa própria vida é o que há de mais importante. Agora, se quisermos ser pedantes ou puritanos, podemos tecer as nossas considerações morais sobre a vida dos outros, mas estas não nos dizem respeito. Para além disso, o individualismo é realmente o mais elevado dos ideais. A moralidade moderna consiste na aceitação dos modelos da nossa época. Julgo que aceitar o modelo da nossa época será, para qualquer homem culto, a mais crassa das imorallidades.
Oscar Wilde, in 'O Retrato de Dorian Gray'
Demo-cracia?
Na passada sexta-feira, 15 de Setembro, fui convidada como membro da coordenadora do Bloco de Esquerda do Algarve, para estar presente num jantar de solidariedade para com os dois agentes da polícia, que recentemente foram reformados compulsivamente - Delito cometido: Liberdade de expressão. Infelizmente episódios como este que aconteceu aos nossos colegas sindicalistas da P.S.P. começam a ser frequentes e direitos conquistados pelo 25 de Abril como liberdade de expressão, direito à greve e outros começam a ser palavras mortas para os nossos actuais governantes.
É de lamentar que uma grande parte dos portugueses não reaja, esteja amorfa, anestesiada, ansiando por um salvador da pátria e dando campo de manobra a que um outro Salazar surja das brumas, qual D. Sebastião, de espada em riste, para tomar as rédeas do poder. Mas felizmente há sempre uma voz que não se cala, “há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não” (Manuel Alegre), há sempre quem lute contra a maré, há sempre quem dê significado à palavra democracia. Como cantava o poeta “não há machado que corte a raiz ao pensamento” e esta democracia moribunda, qual Fénix, ainda ressurgirá e triunfará sobre aqueles que pretendem que a palavra liberdade seja banida da LÍNGUA PORTUGUESA.
Luísa Penisga González,
Membro da Coordenada do B.E. do Algarve
Ernesto Sábato, in 'Resistir'
Despenalização da IVG
A direita anda desnorteada com a aproximação do referendo sobre IVG.
Depois do distanciamento demonstrado pela Igreja Católica sobre a despenalização do aborto, os fundamentalistas ditos “defensores da vida” vêem o tapete fugir-lhes debaixo dos pés e querem, à viva força, marcar presença para não ficarem mal na fotografia. Andam à procura de uma tábua de salvação já que a derrota das suas posições é inevitável. A defesa do adiamento do referendo não é mais possível assim como o argumentário sobre a manutenção da actual lei.
A D. Zita, agora deputada do PSD, em mais uma cambalhota política, defenderia uma iniciativa legislativa para que todos os processos contra mulheres que abortam sejam arquivados. Seria, por assim dizer, “varrer o lixo para baixo do tapete” como afirma Joana Amaral Dias em artigo publicado no DN em 2/10/2006.
A ânsia que agora se verifica na direita causa alguma admiração, sabendo-se que tiveram, antes, imenso tempo para avançar com a proposta de arquivamento que, agora, apressadamente, apresentam. Ou será que isso se deve à aproximação de um novo referendo “e os julgamentos são uma espécie de má publicidade que tem de ser abafada”?
“Arquive-se o arquivamento”, defenda-se, sem equívocos, a consulta popular e informe-se o cidadão eleitor que a decisão “de acordo com a consciência de cada um” é a única que permite uma escolha.
Luís Moleiro aderente do BE
“Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar” escreveu Sophia de Mello Breyner Andresen num poema magistral, magistralmente cantado por Francisco Fanhais.
… não podemos ignorar o que diariamente chega ao nosso conhecimento sobre a carnificina que se está a passar no Iraque. Raro é o dia que os noticiários da manhã não abrem a relatar mais um atentado com mais dezenas de mortos e de feridos. O pior é que esta situação está a tornar-se numa rotina e, quase tida como uma inevitabilidade.
A novidade, surgida há cerca de dez dias, é que a tortura atingiu um tal grau de brutalidade que, muitas pessoas, a consideram pior do que a existente nos tempos de Saddam Hussein” como refere um responsável pelo gabinete dos direitos humanos da missão de assistência da ONU no Iraque. A situação é mesmo vista “fora de controlo”.
Os abusos são cometidos, tanto pelos grupos que se opõem à presença dos EUA no Iraque como pelas forças de segurança controladas pelos americanos ou, ainda, por milícias privadas, tidas como as mais violentas.
É este mais um dos resultados da intervenção americana no Iraque, onde iria descobrir as armas de destruição maciça e instaurar a democracia. Não só não havia as tais armas, como eles antecipadamente sabiam, como não há democracia, como – pior que tudo – se criou, na região, um alfobre de terroristas que ninguém sabe quando nem de que modo irá ser dominado.
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… não podemos ignorar as provas que, constantemente nos chegam da farsa que é o regime político actualmente domina o mundo.
Depois de pertencer ao “eixo do mal” e de ser acusado de dar guarida ao terrorismo internacional, Kadhafi transformou-se, por golpe de mágica, no mais puro dos governantes. Já não lhe chamam ditador, não o acusam de prisões arbitrárias nem de perseguir os adversários políticos. Ele soube-se adaptar aos tempos que correm e aconchegar-se aos amigos certos que o receberam, de braços abertos. Foi mais realista do que Saddam…
Agora, são os amigos do Compromisso Portugal que, numa comitiva de 30 pessoas, se vão deslocar à Líbia para um beija-mão ao “Presidente Kadafi”.
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… não podemos ignorar o facto, talvez único em Portugal, de haver um concelho que já é auto-suficiente em termos de energia eléctrica, com base na chamada energia limpa. Trata-se de Sobral de Monte Agraço, o mais pequeno município do distrito de Lisboa, com 10000 habitantes, que tem, instalados, 16 moinhos eólicos cuja capacidade de produção é de cerca de 24 megawatts de energia, por ano, superior, aliás, ao consumo do próprio concelho. É uma situação que se saúda e só é pena que não se multiplique muito rapidamente. A divulgação deste caso seria muito conveniente,
Luís Moleiro - Aderente do BE
Bloco de Esquerda
Rua 5 de Outubro, nº 39
8500 - Portimão
Portimão, 28 de Setembro de 2006
Moção
Portimão Livre de Transgénicos
O cultivo de plantas geneticamente modificadas representam uma forma de poluição irreversível e definitiva, com consequências potencialmente graves e ainda não estudadas para o equilíbrio ecológico dos ecossistemas agrícolas e selvagens, não obstante os argumentos de que este tipo de tecnologia proporciona uma maior resistência a insectos, pesticidas, fungos e vírus. Testes laboratoriais já demonstraram que o consumo de transgénicos pode provocar alterações do equilíbrio metabólico dos seres vivos. Por outro lado, a preservação do ambiente não pode ser colocada em causa com o cultivo de plantas geneticamente modificadas.
Um pouco por toda a Europa, várias regiões opõem-se ao cultivo de transgénicos, com destaque para a França onde mais de 2 000 Municípios tomaram esta posição, no Reino Unido são já 14 milhões de pessoas a viver em zonas que se declararam livres desses cultivos, outros países como a Espanha, a Áustria e a Alemanha estão a envidar esforços para travar o avanço dos transgénicos em diversas regiões.
Entre nós já se verificaram alguns passos positivos nesse sentido, tendo a Junta Metropolitana do Algarve decidido, no passado mês de Abril, recusar a introdução na região da cultura de plantas geneticamente modificadas “enquanto as autoridades científicas nacionais e internacionais não derem garantias totais de segurança dos seus efeitos na natureza”. Posteriormente, também a Assembleia Municipal de Lagos e a Câmara de Vila do Bispo decidiram proibir o cultivo de transgénicos nos seus concelhos.
Face ao exposto, a Assembleia Municipal de Portimão reunida em sessão ordinária no dia 28 de Setembro de 2006, declara este município livre de transgénicos, proibindo assim o cultivo deste tipo de plantas e propõe que o Executivo Camarário tome idêntica atitude.
O Grupo Municipal BE
João Vasconcelos
Francisco Reis