Thursday, November 16, 2006

POEMA


CAIS
Porque neles só sobrevive a partida
Quebram-se, por inactividade,
As amarras dos nossos cais.
---
Dos seus estaleiros desvaneceu-se já
O perfume da madeira cortada.
---
Agora apenas por lá deambulam
Os odores fortes das recordações,
Desses tempos....
Em que ainda não “éramos”, os outros.
---
Agora, já nem viajamos,....
E nem sequer ambicionamos sonhar
Com as viagens que nunca faremos.
---
desistimos assim dos astrolábios,
pois o acto de nos perdermos tornou-se
uma arte, porque nós
desocupamos à muito tempo as praias
da nossa infância...
---
navegamos assim à vista, com a mágoa
atenuada de quem tem pouco a perder...
---
nas nossas cartas naúticas
a solidão celebrou pois o domicílio
no irrevogável de um mar...
---
...que desafia de maneira vã,
toda a mágoa das palavras...que nunca diremos...
-------
carlos sousa e fernando gregório

São da autoria de C.S. os versos iniciados com maiúscula, sendo os restantes de F.G.

No comments: